sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Arrear x arriar



Na língua portuguesa, muitas palavras possuem a grafia parecida (parônimas), como arrear e arriar, que só se diferenciam no "e" e no "i". No entanto, cada uma delas contém significados diferentes. 

Para não erramos o emprego de arrear e arriar, devemos considerar o que significam. Vejamos:

Arrear: pôr arreios; enfeitar.

Arriar: abaixar algo; desanimar.

Na imagem acima, vemos arreios, que são peças colocadas em cavalos para transportarem alguma carga. Dessa forma, quando nos referimos a arreios, usamos o verbo arrear. Se estivermos referindo-nos ao ato de enfeitar-se, também usaremos arrear.

Ex.: O cavaleiro arreou o cavalo. / As mulheres se arreavam com colares.

arriar tem o sentido de abaixar ou desanimar. 

Ex.: Arriaram todo o material no chão. / A febre arriou a criança.


terça-feira, 8 de novembro de 2016

O calor nos faz transudar bastante




Quantas vezes você ouviu a palavra "transudar"?

Se essa é a primeira vez, então não se espante, pois transudar é o mesmo que transpirar.
Nesse sentido, a regência desse verbo é transitiva indireta e pede a preposição de.
Ex.: Gotas de suor transudam de sua testa.

Transudar também pode ter o sentido de revelar-se ou transparecer. Veja:
Ex.: "Transuda-lhe na fisionomia um secreto sofrimento."

Além disso, seu campo semântico também engloba a transitividade direta ou a intransitividade, com o sentido de derramar-se, verter, (fazer) escorrer.
Ex.: "A seringueira transuda um suco leitoso." (TD)
        O calor nos faz transudar bastante. (I)

Com essa explicação, você já pode fazer uso dessa nova palavra e mostrar que o seu vocabulário está sendo ampliado.
       

terça-feira, 11 de outubro de 2016



A palavra pressa pode ser regida pelas preposições a, de ou em. A necessidade do seu emprego pode ocorrer pelos seguintes fatores:

  1. Dar-se pressa a fazer alguma coisa.
  2. Haver pressa em fazer algo ou em tomar decisão.
  3. Ter pressa de fazer algo.


 Veja em quais circunstâncias elas se adaptam:

a: Deu-se pressa a correr.

de: Eles não tinham pressa de chegar ao local indicado.

em: A menina não tinha pressa em escolher o que gostaria de comer.


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Você sabe a regência do verbo namorar?

Namorados

Ele namora com ela ou ele namora ela? Alguns verbos causam dúvidas quanto à sua regência. Esse é o caso do verbo namorar. Há quem diga: Ele namora com a Ana ou ele namora a Ana. Então, qual é o correto?

A regência do verbo namorar pode ser:
1. Transitiva direta, no sentido de cortejar, cobiçar, enamorar.
Ex.: Vou namorar aquele menino.

2. Transitiva indireta, considerando os traços de companhia, encontro, conversa (transitividade rejeitada por alguns puristas da língua).
Ex.: Ele namorava com a filha do fazendeiro.

3. Transitiva direta pronominal e indireta, no sentido de agradar-se, encantar-se:
Ex.: "Namorou-se da roça e nunca mais voltou a morar na cidade" (Nascentes).

Portanto, o falante pode usar as três transitividades para referir-se ao verbo namorar, sendo cada uma delas empregadas em um adequado contexto.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Biscoito ou bolacha... Qual é o certo?

Biscoitos/bolachas

Em primeiro lugar, vamos entender o significado de biscoito e bolacha, de acordo com o Dicionário Aurélio:

Biscoito vem do latim biscoctu, que significa "cozido duas vezes". Refere-se a "um bolinho de farinha de trigo, ou aveia, ou maisena, ou queijo etc., com açúcar ou sem ele, ovos etc., bem cozido no forno, em geral com o feitio de pequenos quadrados, retângulos, discos, etc.".

Bolacha vem do grego bólos, que significa "massa informe, torrão". Refere-se a "biscoito achatado de farinha, geralmente em forma retangular ou de disco, às vezes com açúcar".

Pelos significados, podemos concluir que ambos são a mesma coisa. Biscoito entrou primeiro na língua portuguesa, em 1317, por meio da palavra francesa bescuit. Bolacha entrou depois, em 1543. Dependendo da região do país, encontraremos falantes que usam mais um termo do que outro. 



domingo, 4 de setembro de 2016

Contribuições gregas para a nossa língua

Grécia
Muitas palavras gregas ou se perderam totalmente ou foram incorporadas ao latim, chegando até nós por meio das expressões popular e literária, como:


  • Bolsa, cara, corda, calma, chato, caixa, ermo, espada, governar, golfo, órfão etc.


Com as ascensão do cristianismo, mais palavras gregas foram incorporadas ao nosso léxico:


  • Anjo, apóstolo, bispo, bíblia, crisma, diabo, diocese, eucaristia, epifania, esmola, idolatria, igreja, mosteiro, parábola, paróquia, presbítero etc.


Algumas palavras gregas nos foram transmitidas pelos árabes, e outras vieram por meio do comércio do Mediterrâneo:


  • Acelga, alambique, alcaparra, farol, guitarra etc.


Há também palavras ligadas a elementos técnicos ou científicos:


  • Fonógrafo, homeopatia. fonema, microscópio, protozoário, telepatia, telefone, xenofobia etc.


Já na toponímia, temos:


  • Alexandre, André, Basílio, Crisóstomo, Eugênio, Felipe, Jorge, Hipólito, Timóteo, Teodoro etc.

6 dicas para utilizar as aspas corretamente



É comum haver dúvidas quanto ao emprego das aspas. Por isso, para facilitar o uso desse sinal de pontuação, listei seis tópicos que facilitarão o seu emprego.

1. Usam-se no começo e no fim de citação ou transcrição.
Ex.: "O amor é fogo que arde sem se ver."

2. Usam-se para indicar estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos etc.
Ex.: Esperei no "hall" do hotel.

3. Usam-se para indicar uma expressão escrita de maneira incorreta propositadamente.
Ex.: Ele disse que comprou a "mortandela".

4. Usam-se para indicar que o uso de um termo não é muito próprio, porém se aproxima do que deveria estar escrito ali.
Ex.: A "sujeira" em seus pés ocasionou esse odor.

5. Usam-se em casos de ironia.
Ex.: Ele é tão "inteligente"!

6. Usam-se para citar nomes de revistas, jornais, livros e legendas.
Ex.: Gostei de ler "Os lusíadas".

Obs.: Veja como deve ser o emprego das aspas concomitantes a outros sinais de pontuação:

a. Depois de dois-pontos:

Já dizia meu avó: "Quem muito escolhe fica sozinho".
Ana disse: "Quero que faça este relatório hoje!".
A mãe questionou: "Onde você passou a noite?".

b. Em frase isolada:


"Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito."


A que se refere o coletivo dilúvio?

Dilúvio

A palavra dilúvio está ligada à inundação que submerge uma vasta região. Porém, seu significado não está restrito apenas a esse contexto. O coletivo dilúvio é usado para relatar qualquer coisa que se encontra em grande quantidade, como:

  • Um dilúvio de pedras.
  • Um dilúvio de garrafas.
  • Um dilúvio de pecados.
  • Um dilúvio de balas.
  • Um dilúvio de papéis picados etc.


Além disso, esse coletivo também é usado para referir-se a perguntas feitas com a intenção de causar embaraço, por exemplo:

  • O presidente recebeu um dilúvio de perguntas, mas não quis responder.




O pronome você



O pronome você (vocês) é usado para pessoas de tratamento cerimonioso. Até chegar a você, esse pronome passou por: Vossa Mercê, Vossemecê, Vosmecê e Vossancê. Você é usado para pessoas que gozam de nossa intimidade.


sábado, 3 de setembro de 2016

A influência árabe na língua portuguesa

Árabes

A influência árabe pode ser datada do século VIII, quando os árabes atravessaram as Colunas de Hércules e precipitaram-se sobre o solo peninsular. Este, por causa da sua situação geográfica privilegiada, estava destinado a ser o primeiro ponto europeu atingido pela invasão muçulmana. 

Na luta entre os visigodos e os mouros, venceram os mouros, tornando-se senhores absolutos do grande reino visigótico. Apesar de a raça, a língua, a religião e os costumes extremarem vencidos e vencedores, muitos hispano-godos adotaram os costumes e a língua árabe, o que deu origem aos moçárabes.

A civilização árabe era incomparavelmente superior à da Península. Ismael de Lima Coutinho relata bem essa superioridade:
Os califas  protegiam as artes e as letras. A ciência estava muito difundida entre eles. A medicina, a filosofia, a matemática, a história, contavam com grandes cultores. Foram dois cientistas árabes, Avicena Averróis, que vulgarizaram a doutrina de Aristóteles na Europa, traduzindo-lhes as obras e comentando-as. Em seus palácios, os califas organizavam valiosas bibliotecas.
Além disso, durante o domínio, cresceram a agricultura, o comércio e a indústria. Logo, o luxo dominou a alta sociedade, seguindo, depois, para outras camadas sociais. O árabe foi adotado como língua oficial, embora o povo subjugado continuasse a falar o latim vulgar. Assim, a influência árabe exerceu-se, quase exclusivamente, no domínio vocabular. 

Muitos nomes ligados a plantas, instrumentos, ofícios e medidas, que fazem parte do nosso vocabulário, são de origem árabe. Certas palavras são fáceis de identificar por causa da presença do artigo invariável árabe al. Veja alguns exemplos:
  • Algodão, alecrim, alface, alfafa, alfazema, alcachofra, alaúde, alicate, algema, alqueire, alfaiate, almoxarife, aldeia, álcool, alcunha etc.
Há também exemplos de palavras que não começam com al. Observe:
  • Adufe, armazém, azar, azulejo, baldio, cifra, enxaqueca, forro, javali, mesquinho,  tambor,  xarope etc. 

Além disso, sobrenomes como Alcântara e Almeida também são de origem árabe.


COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1976. p. 54,192,193.






sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Composição, o outro processo de formação de palavras

Girassol

Quando criamos uma nova palavra a partir da combinação de outras, a palavra criada passa a exprimir um novo conceito. É exatamente isso o que acontece com a palavra girassol (gira + sol, com o acréscimo de mais um "s" para manter o som inalterado). Sozinhas, as palavras gira e sol têm sentidos completamente distintos, mas, com a junção de ambas, surge, então, uma nova palavra com sentido diferente.

O processo de formação de palavras denominado composição divide-se em aglutinação e justaposição. Na aglutinação, os dois vocábulos se fundem, mas sofrem alteração em alguns elementos fonéticos ou morfológicos. Observe:

Aguardente (água + ardente)
Boquiaberto (boca + aberto)
Cabisbaixo (cabeça + baixo)
Embora (em boa hora)
Fidalgo (filho de algo)
Hidrelétrico (hidro + elétrico)
Pernalta (perna + alta)
Planalto (plano + alto)
Pontiagudo (ponta + agudo)

Já na justaposição, as palavras associadas guardam sua autonomia fonética e a sua individualidade, o que repercute na grafia. Veja:

Arco-íris
Amor-perfeito
Fim de semana
Couve-flor
Guarda-chuva
Girassol
Pé de moleque
Pontapé
Quinta-feira

Portanto, não se esqueça de que, na aglutinação, os elementos se fundem sem utilizar o hífen; na justaposição, os elementos se associam, seja por meio de hífen ou não. 


Referência bibliográfica:
LUFT, Celso Pedro. Moderna gramática brasileira. Globo livro, 2002. 265 p.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Cidadezinha qualquer



Compartilho hoje com vocês este poema de Carlos Drummond de Andrade, que relata o cotidiano rotineiro de pessoas que vivem em cidades do interior. Por mais que a simplicidade predomine nessa "cidadezinha qualquer", não há como negar que ela é cativante e faz com sintamos vontade de nela morar quando queremos fugir do estresse da cidade grande...


Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.


terça-feira, 30 de agosto de 2016

Sinais e abreviaturas empregados no Manual de Redação Oficial

Por mais que o Manual de Redação Oficial da Presidência da República normatize atos e documentações oficiais, ele também é usado por profissionais de algumas áreas específicas quando precisam normatizar certos textos. Além disso, em concursos públicos, o Manual de Redação costuma ser cobrado. 

Dessa forma, achei válido separar um espaço neste blogue para detalhar algumas normas específicas do Manual de Redação. A primeira delas refere-se aos sinais e abreviaturas empregados. Por meio deles, é possível entender os demais informativos que serão postados mais adiante.

Portanto, estes são os sinais e as abreviaturas do Manual para a nossa familiarização: 



sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Aipim, mandioca ou macaxeira?



Essa planta tuberosa pode ser chamada de aipim, mandioca ou macaxeira, dependendo da região em que ela se encontra. No sul e sudeste do Brasil, ela é mais conhecida como aipim. No nordeste, é chamada de macaxeira. Em alguns alguns estados do norte e no centro-oeste, ela costuma ser chamada de mandioca.

Portanto, no país em que há variações linguísticas, uma mesma palavra passa a ser reconhecida por mais de um nome, como é o caso da mandioca, ou do aipim, ou da macaxeira.


Plural dos substantivos compostos

Beija-flor

É importante saber que os substantivos compostos podem vir ou não grafados com hífen. Os substantivos compostos grafados sem hífen flexionam-se no plural do mesmo modo como os substantivos simples. Veja:

fidalgo = fidalgos
mandachuva = mandachuvas
malmequer = malmequeres
vaivém = vaivéns

Quanto à formação do plural dos substantivos compostos com hífen, é preciso atentar às regras básicas.

1. Quando os dois elementos forem palavras variáveis em número, ambos vão ao plural: 

banana-maçã = bananas-maçãs
peixe-boi = peixes-bois
primeiro-ministro = primeiros-ministros

2. Quando o substantivo composto for formado por dois ou mais adjetivos, só o último elemento irá ao plural:

latino-americano = latino-americanos
democrata-cristão = democrata-cristãos
ítalo-austro-húngaro = ítalo-austro-húngaros

3. Quando os dois elementos forem ligados por preposição, só o primeiro varia:

pé-de-moleque = pés-de-moleque
água-de-colônia = águas-de-colônia

4. Quando o primeiro elemento for verbo, só o segundo elemento varia:
beija-flor = beija-flores
mata-burro = mata-burros
tira-gosto = tira-gostos

5. Quando o primeiro elemento for grão, grã (= grande) ou bel, ou uma palavra invariável, só o segundo elemento irá ao plural:

grã-fino = grã-finos
bel-prazer = bel-prazeres
vice-presidente = vice-presidentes

6. Quando o substantivo composto for formado por palavras repetidas ou por onomatopeias, só o segundo elemento irá ao plural:

empurra-empurra = empurra-empurras
teco-teco = teco-tecos
bem-te-vi = bem-te-vis

Obs.: em compostos formados por verbos antônimos, o substantivo fica invariável (o vai-volta = os vai-volta); quanto à palavra guarda, é preciso ter atenção quanto à sua formação composta. Observe:

guarda-roupa = guarda-roupas (roupa é substantivo, logo, guarda é verbo; portanto, apenas o segundo elemento será flexionado)

guarda-noturno = guardas-noturnos (noturno é adjetivo, logo, guarda é substantivo; portanto, os dois elementos deverão ir ao plural)


O que os sufixos eiro, ário e ista têm em comum?


Os sufixos eiro, ário e ista derivam de substantivos referentes a seres humanos e servem para indicar indivíduos que exercem uma profissão ou um ofício. Eles também podem designar pessoas que praticam esportes ou têm certas ocupações regulares. Além disso, podem referir-se a adeptos ou seguidores de sistemas ou movimentos políticos, artísticos, socioculturais, filosóficos, entre outros.

  • Exemplos de palavras formadas pelo sufixo eiro:

Engenheiro, marinheiro, patrulheiro, leiteiro, porteiro, copeiro, livreiro, roupeiro, tintureiro, chaveiro, violeiro, banqueiro, fazendeiro.

  • Exemplos de palavras formadas pelo sufixo ário:

Serventuário, boticário, operário, bancário, secretário.

  • Exemplos de palavras formadas pelo sufixo ista:

Maquinista, foguista, dentista, garagista, pecuarista, romancista, violonista, trapezista, curta-metragista, cartunista, umbandista, marxista, metodista, getulista, tenista, alpinista, velocista.

Há casos em que o sufixo eiro (zeiro), aplicado a substantivo que denota fruto, designa a árvore que produz tal fruto e adota a forma masculina ou a feminina, como:

Abacateiro, mamoeiro, cajueiro, sapotizeiro, algodoeiro, macieira, jaqueira, goiabeira, amoreira, ingazeiro ou ingazeira.


AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa. São Paulo: Publifolha, 2011. p. 457,458.


A expansão da língua portuguesa na África



O texto de Serafim da Silva Neto explica, de forma clara, como ocorreu a expansão da língua portuguesa na África:

Os portugueses foram os primeiros a frequentar as costas da África e a entrar em contato com as tribos negras. Em 1441, Nuno Tristão chegou ao cabo Branco. Daí prosseguiu para o sul, até alcançar a Senegâmbia, onde pôs os pés em 1445. Nesse mesmo ano, Dinis Dias explorou a costa africana até o cabo Verde. Em 1460, Diogo Gomes e Antônio da Noli aportaram à ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde; e logo em 1470 foram descobertas as ilhas de Ano-Bom, São Tomé e Príncipe. Doze anos depois, Diogo de Azambuja fundou a importante praça de São Jorge da Mina, à cuja roda se formou logo uma povoação. Em 1484, Diogo Cão descobriu o rio Zaire e o reino do Congo. Em 1488, João Afonso de Aveiro revelou as terras de Benim, e, no mesmo ano, Bartolomeu Dias coroa mais de meio século de esforços, com o dobrar do cabo das Tormentas a que D. João II pôs o nome de Cabo da Boa Esperança. Por toda a corte logo se foram estabelecendo povoações, para as quais acorriam homens de todas as partes de Portugal. Uns, para a divina colheita das almas, outros, tangidos pela sede da aventura ou das riquezas materiais. Nada mais natural, portanto, que a língua portuguesa se fosse difundindo entre as populações negras, da extensa faixa litorânea, tanto mais quanto os missionários a iam ensinando nas escolas. Já em 1504, informa Damião de Góis, D. Manuel mandava para o Congo mestres de ler e escrever. 

NETO, Serafim da Silva. História da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Livros de Portugal, 1970. p. 430.

O hibridismo em nossa vida social

Automóvel (grego + latim)

A cada momento, deparamo-nos com uma infinidade de palavras ao nosso redor. Para os amantes da língua, cada vocábulo serve como objeto de investigação. Nesta postagem, estudaremos, de modo breve, o hibridismo, isto é, a formação de palavras com elementos de diferentes línguas. 

No exemplo acima, temos o automóvel, formado por auto (grego) e móvel (latim), duas palavras de origens diferentes. Além de automóvel, são também exemplos de hibridismo:

Alcoômetro (árabe +grego)
Bananal (africano +latim)
Burocracia (francês + grego)
Sociologia (latim + grego)
Televisão (grego + latim)

Esses são apenas alguns exemplos de palavras híbridas. Em nosso vocabulário, há muitos outros hibridismos. 


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Antonomásia, a substituição de um nome por outro

O rei das selvas
Antonomásia ou perífrase é a substituição de um nome por outro ou por uma expressão que facilmente o identifique.

Veja os exemplos a seguir: 

A Águia de Haia (Rui Barbosa)
A Dama de Ferro (Margaret Thatcher)
A Rainha dos Baixinhos (Xuxa)
A última flor do Lácio (língua portuguesa)
O Apóstolo dos Gentios (Paulo)
O Engenheiro da Palavra (João Cabral de Melo Neto)
O Mestre (Jesus)
O Pai da Aviação (Santos Dumont)
O Pai da Medicina (Hipócrates)
O Patriarca da Independência (José Bonifácio)
O Poeta dos Escravos (Castro Alves)
O Rei do Futebol (Pelé)
O Rei do Rock (Elvis Presley)
O Rei do Pop (Michael Jackson)
O Rei (Roberto Carlos)
O rei das selvas (leão)
O Rei do Cangaço (Lampião)
O Repórter de Canudos (Euclides da Cunha)
Cidade-Luz (Paris)
Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro)
Planeta Vermelho (Marte)

Na realidade, a antonomásia é uma variante da metonímia. Quando a referência é feita a nomes próprios, todos os elementos devem estar grafados com inicial maiúscula, exceto os vocábulos átonos.



domingo, 7 de agosto de 2016

Tipos de cacofonias


A boca dela é pequena.


A frase acima demonstra um exemplo de cacofonia, ou seja, a sílaba ca + a palavra dela formam cadelaAssim, denomina-se cacofonia qualquer sequência silábica intervocabular que provoque som desagradável. 

São também exemplos de cacofonia:
1. Hilca ganhou (cacófato, som obsceno).
2. Vicente já não sente dores no dente (eco, repetição desagradável de terminações iguais).

O eco costuma ser usado em poesias, que tem o efeito de rimar palavras, como: Muito riso, pouco siso. Neste caso, o eco recebe o nome de homeoteleuto.

3. Uma mala, vaca cara (parequema, aproximação de sons consonantais idênticos ou semelhantes).
4. Levanta-se cedo, porque o lance será importante (colisão, sons aproximados).
5. Traga a água (hiato, aproximação de vogais idênticas, geralmente a).


Um breve relato sobre Machado de Assis



Joaquim Maria Machado de Assis (Rio, 1839-1908) foi um grande escritor brasileiro. Filho de um pintor mulato e de uma lavadeira açoriana, ficou órfão muito cedo e foi criado por Maria Inês, sua madrasta. Sua infância foi acometida pela epilepsia e gaguez, as quais lhe deram um feitio de ser reservado e tímido. 

Aos 16 anos, entrou na Imprensa Nacional como tipógrafo aprendiz e, aos 18, na editora de Paula Brito, onde compôs seus primeiros versos para a revistinha A Marmota. Pouco depois, foi admitido à redação do Correio Mercantil. Em 1860, fez resenhas de debates do Senado no Diário do Rio de Janeiro. Nessa década, escreveu quase todas as suas comédias e versos românticos.

Casou-se aos 30 anos com Carolina Xavier de Novais, que o inspirou a criar a Dona Carmo, em Memorial de Aires. Em 1870/80, escreveu Contos Fluminenses, Ressurreição, Histórias da Meia-Noite, A Mão e a Luva, Helena, Iaiá Garcia - contos e romances. Com Ocidentais e Memórias Póstumas de Brás Cubas, já em 1881, Machado atingiu a plena maturidade do realismo. 

A partir de então, ele escreveu: Histórias sem Data, Quincas Borba, Várias Histórias, Páginas Recolhidas, Dom Casmurro, Esaú e Jacó, e Relíquias da Casa Velha. Foi considerado o maior romancista brasileiro e tornou-se um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. Seu último romance, Memorial de Aires, foi escrito após a morte de Carolina. 

Machado morreu devido a uma úlcera cancerosa, aos 69 anos. São também obras machadianas: Outras Relíquias, Crítica, Novas Relíquias, Correspondência de M. de A. com Joaquim Nabuco, A Semana, Crônicas, Crítica Teatral e Crítica Literária.

A seguir, há um documentário sobre Machado de Assis elaborado pela TV Escola. Vale a pena assistir.




Para mais informações sobre obras, cronologia e bibliografia, o MEC disponibiliza um vasto conteúdo do autor. Clique aqui e confira.


Derivação, processo de formação de palavras

Super-homem

Na língua portuguesa, as palavras novas se formam por meio de cinco processos. Nesta postagem, destacaremos o primeiro: a derivação.

Derivação é a formação de palavras pelo acréscimo ou supressão de afixos. Dessa forma, temos:

1. Derivação prefixal ou por prefixação: ocorre com o acréscimo de um prefixo a um semantema.
Ex.: incapaz, super-homem, descrer.

2. Derivação sufixal ou por sufixação: ocorre com o acréscimo de um sufixo a um semantema.
Ex.: papelaria, beleza, bananada.

3. Derivação parassintética ou parassintetismo: ocorre com o acréscimo simultâneo de afixos.
Ex.: ajoelhar, enriquecer, infelizmente.

4. Derivação regressiva: ocorre com a supressão de falsos ou verdadeiros sufixos de uma palavra.
Ex.: ajuda (do verbo ajudar), caça (do verbo caçar), burro (do substantivo burrico). 

5. Derivação imprópria ou conversão: ocorre quando uma palavra muda de classe, sem alterar a forma.
Ex.: os bons (adjetivo se torna substantivo), gol relâmpago (substantivo se torna adjetivo), Coelho (substantivo comum se torna substantivo próprio) etc.


terça-feira, 19 de julho de 2016

Qual a diferença entre Vossa Majestade e Vossa Alteza?


Dentre os pronomes de tratamento que existem, abordaremos dois deles: Vossa Majestade e Vossa Alteza. Ambos têm empregos específicos em seus contextos. O primeiro se refere a reis e rainhas. O segundo, a príncipes, princesas, duques e duquesas. É muito importante fazer a distinção entre ambos.

O pronome de tratamento concorda sempre com a 3ª pessoa. Veja:

Vossa Majestade está muito animada.

Há, porém, uma diferença quanto ao uso de Vossa e Sua. Quando estamos falando com a pessoa, usamos Vossa:

Vossa Alteza gosta de chá?

Se estamos referindo-nos à pessoa, utilizamos o pronome Sua:

Sua Majestade pediu para avisar que se atrasará.

Portanto, devemos sempre perceber a diferença entre o emprego de Vossa Majestade e Vossa Alteza, bem como observar o uso dos pronomes Vossa e Sua no contexto em que são inseridos.


sexta-feira, 15 de julho de 2016

Onomatopeia, a escrita que imita o som


A onomatopeia é uma figura de linguagem que utiliza palavras para reproduzir sons ou ruídos.
No exemplo acima, o estrangeirismo boom, de acordo com o seu significado, representa o barulho de um estrondo ou tiro de canhão. Dessa forma, a palavra tenta imitar o som natural da coisa significada.
Há muitas onomatopeias na língua, como: buá, tique-taque, miau, auau, pum, reco-reco, snif, atchim, din-don, vrum etc.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

Qual é o correto: ele constrói ou ele construi?


O verbo construir, no presente do modo indicativo, possui duas opções de conjugação para o tu, o ele e o eles e, no imperativo afirmativo, possui duas opções de conjugação para o tu.
Portanto, a resposta para a pergunta do título é: as duas possibilidades estão corretas!
Tanto se pode dizer ele constrói como ele construi.

Veja, a seguir, a conjugação o verbo construir, com as duplas possibilidades de conjugação destacadas em negrito e itálico.


Modo Indicativo

Presente  

eu construo
tu constróis
construis
ele constrói
construi
nós construímos
vós construís
eles constroem
construem

Pretérito Perfeito 

eu construí
tu construíste
ele construiu
nós construímos
vós construístes
eles construíram

Pretérito Imperfeito  

eu construía
tu construías
ele construía
nós construíamos
vós construíeis
eles construíam

Pretérito Mais-que-Perfeito 

eu construíra
tu construíras
ele construíra
nós construíramos
vós construíreis
eles construíram

Futuro do Presente 

eu construirei
tu construirás
ele construirá
nós construiremos
vós construireis
eles construirão

Futuro do Pretérito 

eu construiria
tu construirias
ele construiria
nós construiríamos
vós construiríeis
eles construiriam

Subjuntivo

Presente 


eu construa
tu construas
ele construa
nós construamos
vós construais
eles construam

Pretérito Imperfeito 

eu construísse
tu construísses
ele construísse
nós construíssemos
vós construísseis
eles construíssem

Futuro 

eu construir
tu construíres
ele construir
nós construirmos
vós construirdes
eles construírem

Imperativo 

Afirmativo

constrói 
construi
tu
construa ele
construamos nós
construí vós
construam eles

Negativo

não construas
tu
não construa
ele
não construamos 
nós
não construais 
vós
não construam 
eles

Infinitivo Pessoal 

eu construir
tu construíres
ele construir
nós construirmos
vós construirdes
eles construírem

Gerúndio 

construindo

Particípio
 


construído