quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Você sabe a regência do verbo namorar?

Namorados

Ele namora com ela ou ele namora ela? Alguns verbos causam dúvidas quanto à sua regência. Esse é o caso do verbo namorar. Há quem diga: Ele namora com a Ana ou ele namora a Ana. Então, qual é o correto?

A regência do verbo namorar pode ser:
1. Transitiva direta, no sentido de cortejar, cobiçar, enamorar.
Ex.: Vou namorar aquele menino.

2. Transitiva indireta, considerando os traços de companhia, encontro, conversa (transitividade rejeitada por alguns puristas da língua).
Ex.: Ele namorava com a filha do fazendeiro.

3. Transitiva direta pronominal e indireta, no sentido de agradar-se, encantar-se:
Ex.: "Namorou-se da roça e nunca mais voltou a morar na cidade" (Nascentes).

Portanto, o falante pode usar as três transitividades para referir-se ao verbo namorar, sendo cada uma delas empregadas em um adequado contexto.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Biscoito ou bolacha... Qual é o certo?

Biscoitos/bolachas

Em primeiro lugar, vamos entender o significado de biscoito e bolacha, de acordo com o Dicionário Aurélio:

Biscoito vem do latim biscoctu, que significa "cozido duas vezes". Refere-se a "um bolinho de farinha de trigo, ou aveia, ou maisena, ou queijo etc., com açúcar ou sem ele, ovos etc., bem cozido no forno, em geral com o feitio de pequenos quadrados, retângulos, discos, etc.".

Bolacha vem do grego bólos, que significa "massa informe, torrão". Refere-se a "biscoito achatado de farinha, geralmente em forma retangular ou de disco, às vezes com açúcar".

Pelos significados, podemos concluir que ambos são a mesma coisa. Biscoito entrou primeiro na língua portuguesa, em 1317, por meio da palavra francesa bescuit. Bolacha entrou depois, em 1543. Dependendo da região do país, encontraremos falantes que usam mais um termo do que outro. 



domingo, 4 de setembro de 2016

Contribuições gregas para a nossa língua

Grécia
Muitas palavras gregas ou se perderam totalmente ou foram incorporadas ao latim, chegando até nós por meio das expressões popular e literária, como:


  • Bolsa, cara, corda, calma, chato, caixa, ermo, espada, governar, golfo, órfão etc.


Com as ascensão do cristianismo, mais palavras gregas foram incorporadas ao nosso léxico:


  • Anjo, apóstolo, bispo, bíblia, crisma, diabo, diocese, eucaristia, epifania, esmola, idolatria, igreja, mosteiro, parábola, paróquia, presbítero etc.


Algumas palavras gregas nos foram transmitidas pelos árabes, e outras vieram por meio do comércio do Mediterrâneo:


  • Acelga, alambique, alcaparra, farol, guitarra etc.


Há também palavras ligadas a elementos técnicos ou científicos:


  • Fonógrafo, homeopatia. fonema, microscópio, protozoário, telepatia, telefone, xenofobia etc.


Já na toponímia, temos:


  • Alexandre, André, Basílio, Crisóstomo, Eugênio, Felipe, Jorge, Hipólito, Timóteo, Teodoro etc.

6 dicas para utilizar as aspas corretamente



É comum haver dúvidas quanto ao emprego das aspas. Por isso, para facilitar o uso desse sinal de pontuação, listei seis tópicos que facilitarão o seu emprego.

1. Usam-se no começo e no fim de citação ou transcrição.
Ex.: "O amor é fogo que arde sem se ver."

2. Usam-se para indicar estrangeirismos, arcaísmos, neologismos, vulgarismos etc.
Ex.: Esperei no "hall" do hotel.

3. Usam-se para indicar uma expressão escrita de maneira incorreta propositadamente.
Ex.: Ele disse que comprou a "mortandela".

4. Usam-se para indicar que o uso de um termo não é muito próprio, porém se aproxima do que deveria estar escrito ali.
Ex.: A "sujeira" em seus pés ocasionou esse odor.

5. Usam-se em casos de ironia.
Ex.: Ele é tão "inteligente"!

6. Usam-se para citar nomes de revistas, jornais, livros e legendas.
Ex.: Gostei de ler "Os lusíadas".

Obs.: Veja como deve ser o emprego das aspas concomitantes a outros sinais de pontuação:

a. Depois de dois-pontos:

Já dizia meu avó: "Quem muito escolhe fica sozinho".
Ana disse: "Quero que faça este relatório hoje!".
A mãe questionou: "Onde você passou a noite?".

b. Em frase isolada:


"Amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito."


A que se refere o coletivo dilúvio?

Dilúvio

A palavra dilúvio está ligada à inundação que submerge uma vasta região. Porém, seu significado não está restrito apenas a esse contexto. O coletivo dilúvio é usado para relatar qualquer coisa que se encontra em grande quantidade, como:

  • Um dilúvio de pedras.
  • Um dilúvio de garrafas.
  • Um dilúvio de pecados.
  • Um dilúvio de balas.
  • Um dilúvio de papéis picados etc.


Além disso, esse coletivo também é usado para referir-se a perguntas feitas com a intenção de causar embaraço, por exemplo:

  • O presidente recebeu um dilúvio de perguntas, mas não quis responder.




O pronome você



O pronome você (vocês) é usado para pessoas de tratamento cerimonioso. Até chegar a você, esse pronome passou por: Vossa Mercê, Vossemecê, Vosmecê e Vossancê. Você é usado para pessoas que gozam de nossa intimidade.


sábado, 3 de setembro de 2016

A influência árabe na língua portuguesa

Árabes

A influência árabe pode ser datada do século VIII, quando os árabes atravessaram as Colunas de Hércules e precipitaram-se sobre o solo peninsular. Este, por causa da sua situação geográfica privilegiada, estava destinado a ser o primeiro ponto europeu atingido pela invasão muçulmana. 

Na luta entre os visigodos e os mouros, venceram os mouros, tornando-se senhores absolutos do grande reino visigótico. Apesar de a raça, a língua, a religião e os costumes extremarem vencidos e vencedores, muitos hispano-godos adotaram os costumes e a língua árabe, o que deu origem aos moçárabes.

A civilização árabe era incomparavelmente superior à da Península. Ismael de Lima Coutinho relata bem essa superioridade:
Os califas  protegiam as artes e as letras. A ciência estava muito difundida entre eles. A medicina, a filosofia, a matemática, a história, contavam com grandes cultores. Foram dois cientistas árabes, Avicena Averróis, que vulgarizaram a doutrina de Aristóteles na Europa, traduzindo-lhes as obras e comentando-as. Em seus palácios, os califas organizavam valiosas bibliotecas.
Além disso, durante o domínio, cresceram a agricultura, o comércio e a indústria. Logo, o luxo dominou a alta sociedade, seguindo, depois, para outras camadas sociais. O árabe foi adotado como língua oficial, embora o povo subjugado continuasse a falar o latim vulgar. Assim, a influência árabe exerceu-se, quase exclusivamente, no domínio vocabular. 

Muitos nomes ligados a plantas, instrumentos, ofícios e medidas, que fazem parte do nosso vocabulário, são de origem árabe. Certas palavras são fáceis de identificar por causa da presença do artigo invariável árabe al. Veja alguns exemplos:
  • Algodão, alecrim, alface, alfafa, alfazema, alcachofra, alaúde, alicate, algema, alqueire, alfaiate, almoxarife, aldeia, álcool, alcunha etc.
Há também exemplos de palavras que não começam com al. Observe:
  • Adufe, armazém, azar, azulejo, baldio, cifra, enxaqueca, forro, javali, mesquinho,  tambor,  xarope etc. 

Além disso, sobrenomes como Alcântara e Almeida também são de origem árabe.


COUTINHO, Ismael de Lima. Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Ao livro técnico, 1976. p. 54,192,193.






sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Composição, o outro processo de formação de palavras

Girassol

Quando criamos uma nova palavra a partir da combinação de outras, a palavra criada passa a exprimir um novo conceito. É exatamente isso o que acontece com a palavra girassol (gira + sol, com o acréscimo de mais um "s" para manter o som inalterado). Sozinhas, as palavras gira e sol têm sentidos completamente distintos, mas, com a junção de ambas, surge, então, uma nova palavra com sentido diferente.

O processo de formação de palavras denominado composição divide-se em aglutinação e justaposição. Na aglutinação, os dois vocábulos se fundem, mas sofrem alteração em alguns elementos fonéticos ou morfológicos. Observe:

Aguardente (água + ardente)
Boquiaberto (boca + aberto)
Cabisbaixo (cabeça + baixo)
Embora (em boa hora)
Fidalgo (filho de algo)
Hidrelétrico (hidro + elétrico)
Pernalta (perna + alta)
Planalto (plano + alto)
Pontiagudo (ponta + agudo)

Já na justaposição, as palavras associadas guardam sua autonomia fonética e a sua individualidade, o que repercute na grafia. Veja:

Arco-íris
Amor-perfeito
Fim de semana
Couve-flor
Guarda-chuva
Girassol
Pé de moleque
Pontapé
Quinta-feira

Portanto, não se esqueça de que, na aglutinação, os elementos se fundem sem utilizar o hífen; na justaposição, os elementos se associam, seja por meio de hífen ou não. 


Referência bibliográfica:
LUFT, Celso Pedro. Moderna gramática brasileira. Globo livro, 2002. 265 p.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Cidadezinha qualquer



Compartilho hoje com vocês este poema de Carlos Drummond de Andrade, que relata o cotidiano rotineiro de pessoas que vivem em cidades do interior. Por mais que a simplicidade predomine nessa "cidadezinha qualquer", não há como negar que ela é cativante e faz com sintamos vontade de nela morar quando queremos fugir do estresse da cidade grande...


Casas entre bananeiras
mulheres entre laranjeiras
pomar amor cantar.

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.

Devagar... as janelas olham.

Eta vida besta, meu Deus.